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sexta-feira, 13 de março de 2009

O Pequeno Visitante


Hoje, recebi uma curiosa visita no setor onde trabalho.

O inusitado visitante era nada mais nada menos que um espécime de geco, vestido em pálidas cores, a buscar seu repasto noturno. Destemido, desafiava a gravidade com suas lamelas adesivas, na janela bem a minha frente.

A luminosidade, que se projetava ao exterior escuro pela vidraça, propiciava acidentalmente um chamariz ideal para os insetos: naquela hora, fatal seria o encanto deles pela luz...

Por poucos minutos, releguei meus afazeres, sem o comprometimento dos mesmos, a fim de acompanhar o intento do pequenino réptil. Queria observar-lhe a técnica de caça e, quem sabe, aprender algo sobre o animal. Intrigado, notei que não havia algo de mirabolante no seu modo de conseguir o alimento. Todavia, a criaturinha conseguia elevada taxa de sucesso na sua empreitada.

Os botes sucediam-se precisos, quando num dado momento, descobri o que o geco detinha de tão precioso - para além de seus atributos biofísicos. O instinto lhe havia conferido inquebrantável paciência, imperturbável concentração, prudência irretocável e denodada perseverança. Quatro qualidades que realmente o mantinham como um sobrevivente, num universo tão inóspito e sombrio!

Após a partida do visitante, já de volta às minhas atividades, meditando sobre algumas questões que o comportamento instintivo do animalzinho suscitara em mim, um insight surpreedeu-me o entedimento.

O grande havia construído, no pequeno, a sua morada...

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Na imagem: Geco escalando uma vidraça, photo by Michael Bretherton.


terça-feira, 3 de março de 2009

Vibrações



No céu, não tocam harpa.
O que ouvem por lá é som de bandolim...

domingo, 1 de março de 2009

Numa Tarde de Verão



Andava sem rumo certo pelas areias claras duma praia, no fim daquela tarde de verão.

Atrás de mim, as pegadas que gravei com meus passos eram tragadas uma a uma, gentilmente, pela travessura das ondas marotas. Cheias de sons e alegria, as vagas davam cambalhotas e deitavam e rolavam nas espumas brancas, deixadas por suas amigas, que se perdiam na rebentação...

Contemplava as cortinas do firmamento quando lentamente foram abertas. Acima da linha do horizonte, mãos dadas com a Estrela Vesper, a Lua Crescente já surgia longínqua, com seu sorriso cintilante. Do outro lado, o Sol, apressado, despedia-se alaranjado de melancolia por entre nuvens róseas retocadas de fulgurantes tons violáceos.

Frente a um coqueiral infinito, fechei os olhos por alguns segundos, apenas para ouvir o farfalhar de sua folhagem a balouçar, incessantemente, no ritmo suave duma aragem que me trazia paz.

Profundamente tocado, fiquei ébrio de amor e, fisgado pelo romantismo da paisagem marítima, inspirei-me.

Então, nas areias dessa praia, com um pequeno talo de madeira, talhei carta de amor que, naquela tarde, o mar imenso levou consigo para nunca mais me devolver, tamanho fora o seu amor por ela...