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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Reencontro

Novamente, tentei deixar a barba crescida. Ansiava por um reencontro comigo.

Havia perdido a minha identidade para outros que nunca se importaram em saber quem eu era... Borraram meu rosto e, dessa forma, idefinido, fizeram de mim um mero alguém. Um sujeito limitado ao que diziam olhos alheios...

Queria enxergar-me, contudo, nunca fazia isso através dum espelho. Pelo espelho, impossível. O espelho sempre me disse que nunca estarei frente a frente com ele... muito menos comigo...

Por isso, a barba.

Ela, assim, já crescida, espetava-me. Sentia seu toque constante, enquanto os pelos resgatavam um rosto apagado pelo tempo, esquecido por minha pessoa, desvirtuado por muitos.

Se a barba, por um lado, cobria o meu rosto, por outro, trazia de volta um olhar sincero sobre mim. Um olhar trazido pela minha mão que cofiava seus fios como quem procura por algo oculto sob um tênue véu negro... Pude, então, redescobrir marcas, linhas e contornos de uma existência abandonada.

Seguia o caminho apontado, devassando máscaras, porém, antes que me revelasse de todo, o medo, de novo, assaltou minha vontade, furtando-me a iniciativa.

Larguei minha face, como outrora fizera, e corri para o espelho em busca de ajuda. Fui recebido por ele com silenciosa indiferença. Às cegas, saquei a navalha, em agonia. Livrei-me da barba com as mãos tremidas... Cortei o rosto e o sangue vermelho, gotejante, tingiu a pia branca...

Dessa vez, não adiantou. Era tarde demais...

Eu ainda estava ali.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Meu Combustível na Madrugada




quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Dicas Culturais


Sou maluco por artes plásticas, tanto quanto sou por música, prosa e poesia.

Tenho muita coisa mal resolvida neste universo da Arte... Aos poucos, estou tentando desvendá-lo, ao mesmo tempo que procuro recuperar algum chão já trilhado por entre partituras e aquarelas...

Quase todo final ou início de ano, pego uma fração do meu décimo terceiro e "aplico" em livros (certamente, não há melhor investimento!). Acabo fazendo algumas "feirinhas" e presenteio-me com algumas obras... Desta vez, "lavei a burra", comprando livros cuja temática principal são as artes plásticas (mais na área de desenho e pintura). Estava devendo, a mim mesmo, alguns passos além da porta de entrada para este mundo fantástico e apaixonante.

Aproveitando o ensejo, divulgo, logo a seguir, os títulos, seus respectivos autores e sinopses não feitas por mim das obras que adquiri. Alguns desse livros talvez já estejam esgotados na editora, portanto, apenas poderão ser encontrados em sebos.

* * *

- Dicionário das Artes Plásticas no Brasil (Roberto Pontual).

Primeiras 66 páginas com introdução histórico-crítica de Mário Barata, Lourival Gomes Machado, Roberto Pontual, Carlos Cavalcanti, Flávio Mota, Araci Amaral, Walter Zanini, Ferreira Goulart e Édson Carneiro. A seguir, 560 páginas com as biografias de todos os artistas plásticos, de todas as especialidades, gêneros e categorias, que tiveram alguma influência astística na história do Brasil, desde o seu descobrimento, sejam eles naturais do país ou estrangeiros aqui radicados. Todas as páginas, desde a primeira até a última sem nenhuma exceção, estampam reproduções de todas as obras - pinturas, esculturas, gravuras, nankin, grafite, carvão, pastel ou xilogravura - que foram criadas no Brasil, desde o descobrimento.


- Da Cor a Cor Inexistente, 10ª edição (Israel Pedrosa).

Pintor, professor e pesquisador, Israel Pedrosa revelou em 1967 o domínio da cor inexistente depois de dezesseis anos de pesquisa. Publicado em 1977, esse verdadeiro tratado histórico sobre as cores chega à 10ª edição com a importância que apenas as obras clássicas mantêm. O livro aborda o desen vol vi mento da teoria das cores desde Da Vinci, passando por Newton, Goethe, Maxwell e Chevreul, entre outros estudiosos, e trata com clareza de temas como harmonização das cores, mutações cromáticas e cor inexistente. Um título indispensável para artistas, designers, professores e estudantes de arte.

Da Cor a Cor Inexistente é um livro esplêndido de Israel Pedrosa, pintor senhor de sua arte e que alcança dizer o máximo, e bem, com a maior clareza, sobre as teorias da cor, endereçando-a à prática profissional, à experiência e à paixão de artista.

Um livro para artistas, professores e estudantes de arte, para críticos e curiosos das coisas da pintura... Israel Pedrosa, com paixão pelo assunto e responsabilidade profissional, com capacidade excepcional de pesquisador, fez um estudo completo sobre a importância da cor e seus fenômenos interferentes na visão. A pintura em seu amplo setor de expressão (de comunicação), do quadro tradicionalmente concebido, até os mais surpreendentes recursos de técnicas para aguçar os sentimentos estéticos pela só presença da cor. Da cor que é luz. A luz que traz em seus raios a cor.


- À Mão Livre - A Linguagem e As Técnicas do Desenho (volume único), 1ª edição (Philip Hallawell).

Este livro se destina a todos os aficionados do desenho e da pintura, desde o iniciante nas artes até o estudante universitário.

Artistas plásticos que não têm base sólida de desenho e técnicas também encontram nesta obra um grande apoio.

O primeiro volume focaliza a linguagem e os fundamentos do desenho: composição e eixos, perspectiva, concepção de espaço, luz e sombra; além de orientações sobre o processo criativo.

O segundo volume relaciona os materiais necessários e os melhores modos de manipulá-los. Também discute características e limitações de cada técnica, orientando o leitor em suas escolhas.

Com esses dois livros, reunidos nesta edição, o leitor terá as informações de que necessita para desenvolver qualquer técnica de desenho. A intenção do autor não é formar artistas plásticos, mas enriquecer a vida das pessoas, proporcionando-lhes um meio de expressar sua criatividade.

O volume é complementado com ilustrações do autor, exemplos passo a passo, esquemas, fotografias dos materiais e reproduções de quadros de artistas do mundo todo.


- História da Arte, 16ª edição (Ernest H. Gombrich).

Um dos mais famosos e populares livros sobre arte já publicados. Durante 45 anos, permaneceu incomparável como uma introdução a todo o assunto, das mais antigas pinturas em cavernas à arte experimental de hoje. Leitores de todos os tempos e das mais diversas origens encontram no Professor Gombrich um verdadeiro mestre, que combina o conhecimento e a sabedoria a um talento excepcional para comunicar seu profundo amor pelas obras de arte que descreve.

"A História da Arte" deve sua duradoura popularidade à objetividade e simplicidade do texto, sem falar na habilidade do autor para apresentar uma narrativa fluente. Ele descreve seu objetivo como sendo o de trazer alguma ordem compreensível à riqueza de nomes, períodos e estilos que preenchem as páginas com as obras mais ambiciosas.

Usa a sua percepção da psicologia das artes visuais para nos fazer ver a história da arte como uma tela contínua e uma mudança de tradições, em que cada obra reflete o passado e aponta para o futuro, "uma corrente viva que ainda liga o nosso tempo com a era das Pirâmides". Em seu novo formato, a 16ª edição desta obra clássica mantém o seu progresso triunfante rumo às novas gerações, permanecendo como a primeira opção para os iniciantes no mundo da arte.


- História da Arte, 17ª edição (Graça Proença).

Um panorama completo e didático de toda a arte ocidental. Um instrumento de trabalho completo e sério para o professor e o aluno de Arte e Educação Artística.

Da Pré-História ao Pós-Moderno, todos os períodos da História da Arte são desenvolvidos em linguagem clara e didática. Os grandes movimentos da produção artística, as tendências, os artistas, os materiais - tudo está presente nesta obra abrangente e bem sistematizada. A arte no Brasil recebe destaque especial. Mais de 350 reproduções em cores apóiam as explicações do texto. Um dos únicos livros de História da Arte destinados ao estudante brasileiro.


- Arte e Percepção Visual, 13ª edição (Rudolf Arnheim).

A nova versão do célebre trabalho de Rudolf Arnheim interessa sobretudo a estudantes e professores de Arte e Psicologia, mas se revela como leitura fundamental para todos os que se interessam pela disciplina de Psicologia da Arte.

Seu conteúdo instrumentaliza a experiência da apreciação artística a partir da inata capacidade humana de entender por meio do olhar e propõe-se a discutir algumas qualidades da visão, objetivando fortalecê-las e dirigi-las. O autor preocupa-se em delinear o papel da atividade artística como principal instrumento de exploração da personalidade humana, e ressalta que os princípios do pensamento psicológico nele expressos provêm da teoria da Gestalt enquanto disciplina (portanto amplificando seu entendimento para além das fronteiras de método), que desde suas origens teve afinidade com a arte.


- O Universo da Cor, 1ª edição (Israel Pedrosa).

Vivemos num mundo marcado pelo poder da imagem, pelos recursos visuais e sobretudo pela cor. Se antes o estudo da cor era preocupação de alguns artistas, hoje ele é necessário a profissionais de diversas áreas, do maquiador ao designer, do cabeleireiro colorista ao organizador de festas e eventos. Em diferentes níveis de complexidade, esses profissionais devem entender os fundamentos básicos da cor, desenvolver a capacidade de perceber suas interações, os efeitos das diferentes combinações, enfim, precisam lidar com a cor como ferramenta importante em seu cotidiano de trabalho.

No entanto, por diferentes motivos da linguagem ao preço das obras especializadas no tema, os conhecimentos nem sempre estão acessíveis a todos. A proposta deste livro surgiu do reconhecimento de tais dificuldades e do desejo de Israel Pedrosa, artista plástico e professor de compartilhar com um público mais amplo um saber até então restrito aos meios acadêmicos e artísticos. O Universo da Cor é o resultado desse desafio.


- Tudo Sobre Arte, 1ª edição (Richard Cork | Stephen Farthing).

Abrangente e informativo, Tudo sobre arte será seu guia pelas imagens mais importantes de todos os tempos - aquelas que encontramos ao visitar museus, folhear jornais e revistas ou olhar para a capa de um romance. Organizado cronologicamente e repleto de ícones que encantaram o mundo, este livro traça um panorama da evolução artística em seus mais importantes estilos e movimentos, apresentando as obras emblemáticas da pintura, da escultura, da arte conceitual e da performática, além de análises detalhadas que facilitam sua compreensão.


- 501 Grandes Artistas - Um Guia Abrangente Sobre os Gigantes das Artes (Stephen Farthing).

501 grandes artistas reúne os maiores expoentes da arte mundial, desde os mestres da Antiguidade clássica aos inovadores performers contemporâneos, abrangendo os mais diversos estilos e movimentos artísticos. Obra de referência indispensável para amantes da arte, estudantes e pesquisadores, este livro revela fatos interessantes sobre a vida dos artistas, bem como informações essenciais relativas às suas obras-primas e as influências que exerceram na época e nas sociedades em que viveram.

Organizado em ordem cronológica e ilustrado com mais de 600 reproduções de pinturas, fotos de esculturas e instalações, além de retratos dos próprios artistas, este livro traz análises de profissionais conceituados sobre as obras mais representativas de todos os estilos ? desde a pintura de paisagens chinesa do século I às mais avançadas manifestações da arte contemporânea, passando pelas artes bizantina, gótica, renascentista, pelo impressionismo, o surrealismo, o cubismo, a fotocolagem, a arte performática, a vídeo arte e as instalações multimídia. No intuito de ampliar a diversidade dos perfis biografados e contemplar também a produção artística brasileira, foram incluídos 25 artistas que se destacaram no cenário nacional, entre os quais Aleijadinho, Portinari, Arthur Bispo do Rosário e Beatriz Milhazes, além de Hélio Oiticica e Vik Muniz, que já constavam da edição original inglesa.


- O Grande Livro da Aquarela (Philip Hallawell).

Este livro encoraja tanto o iniciante nas artes como o artista plástico a experimentar novas técnicas e descobrir abordagens diferentes para temas difíceis.

As múltiplas técnicas mostram que não há só uma forma "certa" de pintar aquarela.

Pinturas de artistas de estilos variados ilustram as técnicas utilizadas.

Técnicas e temas para pintar a guache, tinta acrílica, aquarela e em técnica mista, com indicações dos pincéis mais adequados.


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Qualquer dúvida sintam-se à vontade para perguntar que respondo na medida do possível...

Espero que tenham gostado das dicas. ;D

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Na imagem: "Drawing Hands", 1948 by M. C. Escher.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Voltamos com nossa programação normal...


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No vídeo: Beach Boys cantam "I Get Around".

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Fazer a Vida, Fazer Sentido

"Não tente me entender, só me abrace."

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ao Irmão

Em um comentário escrito por mim num blog, alguns anos atrás, revelei que minha infância e um pedaço de minha adolescência aconteceram ao lado de dois irmãos. Um por parte de pai, e outro por parte de mãe.

Havia dito que a Vida nos proporciona situações dessa natureza para ensaiarmos um olhar fraterno mais amplo a todo ser humano...

Falei sobre os atritos com meus irmãos e que estes ocorreram por outros motivos e não este deles serem, do ponto de vista sangüíneo, "meio-irmãos".

Concluí, falando que, esta expressão "meio-irmão", não fazia sentido para mim, porque o amor não é algo que possa existir pela metade...


* * *

Um desses meus irmãos, hoje, mora longe. Tornou-se um empresário muito bem sucedido, casado com uma promotora, e já me deu dois lindos sobrinhos. Tenho pouco contato com ele.

O outro irmão, com o qual convivo, é o mais velho. Uma pessoa que enfrenta, no presente momento, uma fase muito difícil. A nossa relação também está numa situação bastante delicada e atribuo isso, em grande parte, ao forte temperamento dele e a equívocos na forma como a nossa mãe nos educou (os caçulas acabam tendo sempre mais atenção...).

A luta por compreensão tem sido grande. A suscetibilidade dele faz com que me sinta como alguém que caminha por um campo minado. Não raro, a mágoa nubla o afeto e o reverso dessa moeda cobra inúmeras vezes o perdão, ainda que tardio, em favor de nossa própria paz interior.

Apesar dos pesares, é costume passarmos ótimos momentos juntos. Gostamos muito de brincar, de "tirar onda" com tudo, e temos sim, algumas visões de vida em comum. Eu procuro sempre dar o máximo de espaço possível, para que se descubra e liberte-se dos medos que traz consigo.

A ele, dedico esta música:




Eu o amo, mas ele não precisa saber disso - não assim, verbalmente. O que ele precisa é que eu faça acontecer, a existência desse amor, em nossas vidas, sempre...

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No vídeo: The Hollies interpretam "He Ain't Heavy, He's My Brother", de Bobby Scott e Bob Russell.