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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Céu de Magritte


O carrilhão escorado na parede marca dez minutos para as dezessete horas. 

Na sala de espera, distraio-me com um tênue fio de fumaça delgado que sai de um charuto repousado sobre um cinzeiro de cristal em forma de estrela.

Cinzas acumuladas me dão vontade de jogá-las fora...

O ar-condicionado brinca com o filete dançante de fumaça, criando imagens, como se soubesse que eu estava ali para aplaudi-lo...

Cansado, respiro fundo. 

O aroma é doce.

Ele invade meus pulmões e vai subindo pelas paredes do recinto; passeia ao redor da luminária e ultrapassa o teto, tranqüilamente...  

Fez meus pensamentos levitarem para longe de meus olhos, para além da janela. É quando percebo que a única coisa que muda nesta tarde é o céu... suas cores e suas nuvens...

Lá embaixo, tudo igual.

Igual até as pessoas desaparecerem... até perderem seus sonhos para outros sonhos.

Do outro lado da rua, no oitavo andar, alguém acena para mim. Não a conheço, mas aceno de volta.

Escuto a maçaneta da porta girar.


1 vozes:

A.C. disse...

E quem é?
Adoro a sensação da fumaça formando desenhos, na verdade, acho que sou eu quem forço a imaginação para se parecer com algo.
Belíssimo texto!
Grande beijo

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