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sábado, 22 de dezembro de 2012

Relógio de Areia


Acordou com a embriaguez dos sonhos.

Permaneceu na beirada da cama, no limiar entre o sono e o despertar.

A preguiça o enlaçou com mãos sedosas e parecia entorpecer, mas seu toque é o único traço de realidade nesta manhã a  dar-lhe boas vindas durante sua volta para o mundo das formas...

Pisou, lentamente, no que acreditava ser a Lua, mas sentiu a frieza do chão.  

Desligou o abajur, este luminoso companheiro que se acostumou com o papel de astro rei, o seu pequeno Sol das madrugadas. A luz que delineia a travessura das penumbra nas noites cerradas, fazendo-as navegar por mares de fantasias nas paredes de seu quarto, banhando-lhe com inspiração.

Ele precisa dum guindaste para erguer seu corpo maltratado pelo fardo das incompreensões da semana. Esse corpo que suporta um peso o qual suas pálpebras sobre olhos castanhos teimam em não erguer.

Sim, ele é um desses sobreviventes semanais que dizem haver por aí. Não é uma ficção social ou um delírio ambulante, fruto amargo do que querem que ele seja. É um indivíduo, lutando pelo último despertar. Acredita que nunca irá fenecer no esquecimento da algazarra da turba alienada e consumista que grita lá fora...

Organizou os pensamentos, colheu impressões imprecisas, num exercício para lembrar-se daquilo que sonhou. Inquieto, respirou fundo e pausadamente.

Aproximou-se dele, o silêncio, e sussurrou-lhe algumas frases que soaram como um deslizar ligeiro de grãos de quartzo dentro de um relógio de areia...

Hora de levantar.


2 vozes:

A.C. disse...

Eu vivo isso todas as noites. Sim, noites.
Meu problema constante para dormir, passei as últimas semanas neste estado, uma sonolência infinita, mas ao repousar na cama, era como se um sino gigante batesse em minha cabeça para me despertar.
Beijos

Anônimo disse...

É você quem escreve, não é?!
Você sempre pode juntar todos os seus textos, fazer um livrinho de contos e publicar. No problem. xD

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