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quinta-feira, 28 de março de 2013

Contemplação de um Quadro Campestre Inacabado


O azul do céu abre meus olhos...

Duradouro, infinito, dourado trigal avança...

Deixo-me conduzir por alguém que não vejo. 

A rodovia estreita e antiga ceifa o campo em duas partes: o antes e o depois.  

Ao longe, pequena casa caiada solitária, abandonada, quase sem telhado, não sabe mais a razão de estar ali. Sempre me ocorre a impressão de que alguém um dia voltará a morar nesse lugar.

Subo a colina. O aclive é suave; canso-me pouco. Quero ver tudo o que me é permitido, lá em cima. 

No alto, o cedro frondoso me espera. 

Apanho três folhas mortas. 

Uma vespa, em tons metálicos, cintila sob o Sol. Seu zumbido me diz que voa a procura duma flor. Parece longe de seu ninho... Até agora, não há flores por aqui, embora sinta vários aromas bons, e irreconhecíveis, em cada cor que se revela. 

O clima da tarde é ameno. A tranquilidade que invade cada detalhe apaga das lembranças a possibilidade da fala. 

Eu podia jurar que uma nuvem sorriu para mim e uma outra desenhou meu destino... 

Toco no tronco do cedro. A árvore é uma anciã. Ponho-me a ouvi-la em sua história. Sentado, mergulho na ampla massa de sombras que projeta ao seu derredor. 

O que eu quero que exista além da colina?

Falta pintar o horizonte e colorir a tarde com o seu final. Retocar, a composição...

Não ficou bom (ainda não, porque não quero terminar).

Para ver o Sol da tarde, fecho meus olhos...

Deixo cair, de minhas tintas, o pincel.

1 vozes:

Isabela Xavier disse...

Lindo!
Me senti transportada para dentro de um quadro (imaginei a pintura com detalhes), observando o pintor passear pela paisagem e pintá-la, ao mesmo tempo. Adorei (:

Beijo!
Isabela

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